O Mundo, por Dr. Hemógenes J. Nicodemos

Monday, October 20, 2008

Chega de hipocrisia - uma reflexão sobre um desfecho catastrófico

O final infeliz do cárcere privado em Santo André demoveu-me de um silêncio que durou quase um ano.

Muito - demais, na verdade - já foi dito pela mídia sobre este assunto nos últimos dias, então vou concentrar-me nas minhas conclusão e sugestão.

A polícia teve na mira o seqüestrador - Lindemberg Alves, doravante FDP - por pelo menos meia dúzia de vezes. FDP apareceu à janela por tempo mais que suficiente para ser alvejado por uma certeira bala de atirador de elite. A polícia, no entanto, não teve autorização para executá-lo.

Essa preservação burra de vida foi totalmente injustificada. FDP forneceu motivos mais que suficientes para que uma atitude extrema por parte da polícia fosse no mínimo perdoável, quais sejam:

- Disparou contra o negociador da polícia;
- Manteve em cárcere privado quatro menores de idade;
- Pôs em risco várias vidas, porquanto se tratava de local densamente povoado;
- Trouxe o caos a praticamente um bairro todo, paralisando até mesmo aulas de escola na região por quase uma semana;
- Durante a negociação, deu várias pistas de que não estava interessado em nada senão a morte da ex-namorada.

É certo que a polícia cometeu vários erros gritantes durante o processo, em especial na incapacidade de tornar incomunicável o FDP e de privá-lo de recursos (água, luz, comida) que fizeram possível que ele agüentasse tantas horas no apartamento - isso sem mencionar a completamente idiota estratégia de permitir que uma refém liberada voltasse ao cativeiro. Mas, a meu ver, nenhuma trapalhada superou a falta de ação decisiva. Um único tiro de atirador de elite teria posto fim àquela palhaçada, e hoje o mundo teria um assassino psicopata a menos - o que economizaria inclusive os recursos do estado que serão utilizados para, por exemplo, alimentá-lo e mantê-lo a salvo de outros presidiários (que não hesitariam em fazê-lo sofrer a merecida punição).

A hipócrita e esquerdista sociedade brasileira, portanto, é a culpada maior pela morte de Eloá Pimentel. Foi por medo da reprovação desta sociedade, burra, que a polícia, incompetente, não recebeu do Estado, covarde, a autorização para usar força extrema.

Que a morte da menina não seja em vão, e que esta sociedade inicie um amplo processo de rediscussão de conceitos.